domingo, 6 de setembro de 2009

Nuvem e Trovão

Por R e R.

A nuvem e o trovão conversavam:

— Sabe Trovão - disse a nuvem. - Queria muito ser como os humanos. Eles são tão legais! Passeiam, anda pra lá e pra cá, vão ao cinema, namoram... é tanta coisa bacana. Agora e eu? E EU TROVÃO?! Poxa, só posso ficar aqui em cima flutuando... Hunf... O que você tem a dizer sobre isso?

— Kabrrrummmmm...

Algum tempo depois...

— Porra trovão, não teve graça! Fiquei mó cara lá no chão até o primo Sol me evapora e eu voltar aqui pra cima!

— Kabrrrummmmm.

Fim.

terça-feira, 1 de setembro de 2009

Cor de Sangue

Por Rachel de Oliveira

O liquido de um viscoso vermelho, saiu de seu pescoço, desceu pelo seu corpo molhado, fez curvas entre seus seios, abraçou sua cintura e derramou pelas coxas, deixando o chão que antes era branco em pálido rubro.
Assim Rachel lavava seus cabelos depois da tintura.

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Gênio

Por Rachel de Oliveira

Encontrei uma lâmpada mágica, quando esfreguei um gênio surgiu em meio a uma densa fumaça.
— Você tem três desejos — disse ele.
— Eu desejo ficar bem próximo de minha amada. Quero ficar muito próximo mesmo. Desejo sentir sempre seu cheiro, o mais profundo dele, o melhor dos feromonios. Sempre que seu sexo chamar quero estar lá em seus momentos mais molhados.
O gênio muito ágil e esperto me transformou em uma calcinha.

Fome

Por Rafael Andrietta

Eat estava sozinho fazia muito tempo. O estômago reclamava há três dias. Tinha tentado sair, mas não conseguiu. Olhou para os pés, argh... nem pense nisso Eat! Levou as mãos ao estômago e saiu rolando pelo chão. Parou. Aproximou-se do pé e lascou uma mordida, a fome era mais forte que a dor, terminou com o pé. O estômago voltou a roncar. Começou a comer a canela, passou pelo joelho, subiu pela cocha, foi difícil, eita fêmur duro! Foi-se a perna. A fome persistia. Em voracidade sumiu com o outro pé depois a canela, enfim a perna toda acabou. A maldita fome continuava. Droga... Mordeu a bunda e assim foi com a barriga, sugou a coluna, o peito, saboroso coração, do pescoço só conseguiu uma lambidinha. Ufa, agora deve bastar. De Eat sobrou apenas a cabeça. Agora o estômago não vai mais reclamar, mas e se a fome voltar?

sábado, 23 de maio de 2009


Por: Rafael Andrietta

O vento frio soprava a esmo folhas secas refletindo dourada luz do Sol. Dois andavam e eu olhava, borbulhava em pensamentos. Branco alto, negro baixo falavam muito, pouco ouvia. Guerra em tribos eu pensava, errado estava ao deixar levar por tal preceito.

quarta-feira, 20 de maio de 2009


Tão pequeno e discreto, uns nem tanto. O ferro segue e circunda, move, circunda, depois segue até acabar. Outros em plásticos, industrializados, barato, que saem caros. Perseguido por pré-conceitos que são derrubados pela necessidade. A vida desfrutada em detalhes. Cristalina como um filme digital. Tomado pela felicidade no primeiro momento. A cada minuto um novo conhecimento. Por anos esquecido, deixado de lado, mas na vida o tempo é inevitável. Avassalador chega na obrigatoriedade de que a única e sábia solução: era comprar um óculos.

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

"Abandono"

Conto inspirado em uma música do Michael Jackson - Who is It?
por: Rachel de Oliveira

A chuva batia na janela do apartamento, borrando a paisagem da cidade, transformando em um depressivo quadro de Van Gogh. Sentado na cama do quarto iluminado pela escura luz do dia, Cris fumava um cigarro atrás do outro, seu rosto estava molhado pelas lágrimas que teimavam em sair.

Melissa pegava as ultimas roupas dos cabides, calmamente as dobrava e guardava em uma mala. Um mórbido silêncio tomou os dois por tempo demais.


Te dei meu dinheiro, Te dei tempo, te dei tudo que meu coração pode encontrar.

Te dei paixão, minha própria alma, segredos nunca antes contados.


Depois de colocar as ultimas mudas de roupas na mala, Melissa a fechou e colocou no chão puxando a alça. Pegou mais uma mala e a colocou no ombro junto de uma bolsa.


Você prometeu que viveríamos juntos para sempre, prometeu que me amaria por toda a eternidade. Por que foi tão mentirosa?


Cris se levantou da cama com uma expressão doentia no rosto, agora encharcado. Apagou o ultimo cigarro no cinzeiro. Melissa baixou a cabeça evitando a realidade, puxando uma mala e carregando a outra saiu do quarto. Chegando à sala foi seguida por Cris, que teve a voz alterada de sussurro para gritos interrompidos por fortes soluços.


Quem é ele?

É algum amigo meu?

Quem é ele?

É meu irmão?

Quem é ele?

Alguém quer ferir minha alma.


Melissa girou devagar a maçaneta da porta. Saiu do apartamento, encarou Cris mais uma vez com aqueles grandes olhos castanhos.


Não vou aguentar, pois estarei sozinho.


A moça abaixou a cabeça novamente evitando o olhar. Fechou a porta sem ao menos dizer uma única palavra.

Nada, nem o barulho dos carros, nem os estrondosos trovões que iluminavam os céus, nem os visinhos em suas barulhentas rotinas, abafava os gritos e o choro de um homem, de um coração abandonado.